segunda-feira, 6 de abril de 2009

Memorial de Leitura



Fazer um memorial de leitura, trazer à tona lembranças do período de alfabetização... Nunca havia pensado nisso. Nasci numa família simples, vinda do campo. Meus bisavós, avós e pais, nasceram e cresceram no campo, aqui nós chamamos de roça. Sempre trabalharam no cultivo da terra. Frequentavam a escola que tinha no povoado, isso a partir da geração de meus avós.
Porém na escola só funcionavam turmas até à 4ª série. Depois disso, se quisessem continuar os estudos, teria que ser na cidade mais próxima, o que para eles, era muito difícil. Então meus pais só estudaram até a 4ª série. Mas a minha avó materna sempre teve uma visão de que os estudos eram importantes, e por isso quando teve oportunidade, mandou dois filhos para a “cidade grande”, para que pudessem ter um “diploma” ( segundo minha mãe, era assim que ela falava). Contudo, minha mãe não foi um desses dois filhos. Continuou responsável pelos afazeres domésticos, o que faz até hoje de uma maneira excepcional, e, o que é mais importante, não se sentindo diminuída por não ter tido a mesma oportunidade.
Quando meus pais se casaram, a minha mãe decidiu morar na cidade, no caso Alagoinhas-BA, pois meu pai já trabalhava numa empresa, o que dava condições de tomarem essa decisão. Ela queria que os seus filhos tivessem a oportunidade que eles nunca tiveram. Sendo assim, entrei na escola com três anos de idade. Sempre frequentei escola particular, tendo todo material que era solicitado pela escola, participava de todos os eventos e minha mãe sempre comprava livros de histórias infantis. Lembro que tínhamos a coleção de Monteiro Lobato e dos contos dos irmãos Grimm, porém não tenho nenhuma lembrança de minha mãe me contando histórias. Meu interesse pelos livros se deu no contato que tinha com eles na escola e posteriormente em casa, por ter como manuseá-los.
Gosto realmente da leitura, e tenho certeza que há uma carga genética nesse interesse. Porque a minha avó materna, apesar de só ter estudado até à 4ª série, gostava muito de ler, tinha um vocabulário vasto e, além de tudo, gostava de escrever pequenos poemas. Lembro da sua ajuda imprescindível numa tarefa da 5ª série, onde eu teria que fazer um poema para homenagear o colégio onde estudava, por ocasião do seu aniversário. Eu nunca fui boa nisso. Fiz uns versinhos simples, sem muita criatividade e mostrei a ela. Ela fez uns acertos e terminou com uns versos que diziam mais ou menos assim:
(...) faço aqui e agora
A minha trova brejeira
Da aluna que te adora
Ivana Carla Oliveira.
O poema foi escolhido como o melhor das quatro turmas de quinta série do colégio, e eu o apresentei no auditório junto com os outros alunos premiados de outras séries. Para mim foi uma felicidade. E devo isso a ela.
Antes do meu contato com os clássicos da literatura, dos quais amei alguns e detestei outros, fiz uma leitura intensa dos romances da série Júlia, Sabrina e Bianca e dos livros de Sidney Sheldon, o que me rendeu muitas broncas por parte da minha mãe. Tive uma queda nas notas da escola, pois deixava de estudar para ler os romances, porém tudo tem seu lado positivo, pois lia o que caía nas mãos. Então também me apaixonei pelas crônicas de Rubem Fonseca (Coleção Para Gostar de Ler), a Série Vaga-lume, Polyanna, O Diário de Anne Frank, entre outros.
A graduação foi o período em que amadureci mais as leituras, pois havia um repertório mais diverso e instigante, e era uma leitura que tinha com quem trocar impressões, o que eu considero muito importante para o nosso crescimento pessoal. Devo muito do que sou hoje como pessoa, professora e leitora, a minha avó, minha mãe, meu pai (sempre um incentivador e contador de “casos”), a minha professora da terceira série Magaça e ao meu professor da graduação e pós-graduação Osmar Moreira.
Hoje continuo uma leitora apaixonada, ávida, às vezes preguiçosa (afinal sou humana!) e, principalmente não preconceituosa, com o desejo de tornar minhas filhas e meus alunos leitores apaixonados.

Primeiro Encontro Gestar –BA/UnB



Na semana de 02 a 06 de março de 2009, tivemos o primeiro contato com os professores da UnB, em especial com a professora Isabel, nossa formadora.
Foi um encontro muito aguardado, principalmente por mim, que estava retornando ao programa depois de um período de dois anos afastada. O primeiro dia foi marcado pelas surpresas e dúvidas, pois a nossa formadora não sabia que a nossa turma era composta por professores que atuavam há cinco anos no programa. Então houve um momento de questionamentos, tensões, insatisfações, que foram resolvidos com muita conversa e sensatez, pois sempre há o que aprender e renovar. Para mim os momentos de discussão foram importantíssimos, muito úteis para o meu reencontro com o Gestar.
Diante de tantas discussões e opiniões ( o santinho sendo suporte ou não!) mostra que estamos cheios de vontade de aprender, de trocar, de crescer. Só nos resta então lucubrar , mesmo que inconclusamente, o que é ótimo, pois sempre teremos motivos para continuar buscando.